Ecoceno: um cisne negro
Julho 2022
3 mins

Ecoceno: um cisne negro

De acordo com o Barómetro Europeu do Consumo Cetelem 2022, apenas 66% dos portugueses fazem a separação dos seus resíduos. Em Portugal, existem mais de 40.000 ecopontos, 1 por cada 250 habitantes. O Governo apela, frequentemente, à separação dos resíduos, enquanto a Sociedade Ponto Verde investe até 250.000€ em programas de inovação como o Re-Source para ajudar Portugal a atingir as metas de reciclagem impostas pela União Europeia. No entanto, reciclar está - ou deveria estar - longe de ser um objetivo.

A Pirâmide dos 5 Rs, abaixo representada, demonstra os passos a tomar para uma gestão de resíduos eficaz. Em primeiro lugar, os consumidores devem rejeitar. Se algo não é estritamente necessário, como, por exemplo, um saco de plástico para transportar uma pequena caixa, não deve ser utilizado. Em segundo lugar, devem reduzir. Grandes caixas para pequenos produtos, não só tornam o transporte mais difícil devido ao peso, mas também contribuem para uma maior geração de resíduos, neste caso, desnecessária. Em terceiro lugar, devem reutilizar. Uma parte relevante dos consumidores está, cada vez mais, consciente da necessidade de reutilizar, embora a cultura consumista de produtos descartáveis esteja bem incutida nos portugueses. Em quarto lugar, devem reaproveitar. É, apenas, em quinto lugar, que os consumidores devem reciclar. Vista, muitas vezes, como a maior ação a nível de sustentabilidade, a reciclagem é, na realidade, algo a evitar e, apenas, a fazer quando realmente necessário.

Pirâmide dos 5 Rs: rejeitar, reduzir, reutilizar, reaproveitar, reciclar

 

O Índice de Desenvolvimento Sustentável de 2021 coloca Portugal na 20ª posição a nível europeu (34 países no total) e na 71ª posição a nível mundial. Com a informação descrita acima, este desempenho de Portugal não é surpreendente. Um bom exemplo de um comportamento errado, consequente de má informação, pode ser verificado no regime de pronto a comer. Por norma, as embalagens monomaterial (feitas apenas de um único material) têm um menor impacto ambiental do que as embalagens multimaterial (feitas em vários materiais). Contudo, é do senso comum dos portugueses que uma embalagem castanha, que aparenta ser feita de papel, é preferível a uma embalagem em alumínio. Ora, estas embalagens castanhas, que aparentam ser feitas de papel, na verdade, têm uma película de plástico. São, na mesma, para utilização única, contudo o seu final de vida está, desde logo, determinado: vão para aterro. Por seu lado, as embalagens em alumínio são infinitamente recicláveis. 

Gestão de resíduos sustentável no regime de pronto a comer

Consumir refeições em regime de pronto a comer é super conveniente. A proliferação dos serviços de entrega de refeições em casa, como a Uber Eats e a Glovo, confirma essa premissa. No final da refeição, contudo, há um momento agridoce: a quantidade de embalagens e sacos que vão diretamente para o lixo é assombrosa. O cenário fica ainda mais negro quando se considera que esse enorme número de embalagens e sacos foi útil por apenas 10 minutos.

Mas não por muito mais tempo. Com a Ecoceno, a mesma conveniência das refeições em regime de pronto a comer não origina o sentimento de culpa final. Pelo contrário, origina um sentimento de dever cumprido, de quem agiu de forma responsável. Em vez de colocar todas estas embalagens e sacos descartáveis no lixo, um consumidor passa as embalagens por água e devolve-as, juntamente com os sacos, para futura reutilização.

As embalagens utilizadas pela Ecoceno podem ser utilizadas até 1.000 vezes, de acordo com os fabricantes das mesmas, assim como os sacos de transporte, que, eles próprios, são feitos de plástico reciclado. De acordo com uma Avaliação de Ciclo de Vida realizada pela Kamupak, um serviço de embalagens reutilizáveis finlandês similar à Ecoceno, um consumidor que opte por uma solução como esta, em detrimento da utilização de produtos descartáveis, pode diminuir o seu impacto ambiental em até 95%!